Informativo Aperiódico, Sem fins Lucrativos e Sem Um Centavo No Bolso
Abril / Maio / 2007
Distribuição gratuita. Se alguém tentar te vender um exemplar, favor ligar para o Hospital Psiquiátrico. É sério!
EDITORIANDO:
Na
edição passada, o primeiro impresso em gráfica, com tiragem de 1200
cópias, ilustração e com diagramação decente, a recepção foi muito boa
e calorosa: "Filho da puta traidor!", "Zine burguês!", "Vendido de
merda!", "Traidor do movimento fotocópia!", "Chique demais para tanta
porcaria escrita!", etc. Outras coisas também foram ditas, mas devido à
censura, melhor deixar de lado. Houve também quem gostasse, a maioria
elogios femininos, logo, se elas gostaram, essa merda vai continuar
nesse padrão (nota: até enquanto a Multart não me mandar pastar!),
pois, como diria Don Juan, tudo pelas mulheres, nada sem elas. Ele
nunca disse isso? Bom, eu também nunca passaria pelo teste para ser um
grande conquistador. O meu único talento é encher a paciência de vocês
com as parafernálias que cá escrevo. Obrigado pela companhia. Um abraço
e um queijo. Abraço e queijo? Já vi que essa edição vai ser impossível
(de ler!). Abraço e queijo. Cadê o meu cérebro, onde eu guardei esse
escroto hoje. Abraço e queijo. Puts, e eu tô ouvindo Glen Hugles agora,
já pensou se fosse aqueles ‘sertanojos’ loucos da vida. Abraço e
queijo. Quanta besteira, quanta besteira, desculpem-me, por favor!
NOVIDADES COM CHEIRO DE MOFO:
*
Com a saída do Jacob, Régis deixa a guitarra para assumir o baixo,
deixando a formação da banda como um trio. Enquanto isso, a Murro no
Olho segue procurando um selo para lançar o ótimo "Mar de cadáveres".
*
A produção do Festival Porão do Rock antecipa os festejos para os dias
01, 02 e 03 de junho. Segundo o alto escalão do grupo, esse ano virá
muita coisa boa...
* Natinho ataca com uma idéia genial lá
no Conic. Todo último sábado do mês: incêndio cultural em nosso reduto
Rock. Estava demorando demais para alguém quebrar todo aquele marasmo
de nosso doce submundo! Obrigado, dente de ouro!
* Rolla
Pedra em novo palco. Pulou da sala funarte para o consagrado Teatro
Garagem (913 sul). Acompanhe a programação e inscreva sua banda
utilizando os serviços do site
www.rollapedra.com .
*
Um dos caras mais figuras de nossa cena, o Marreco, chegou para
reforçar a formação da Abhorrent, uma vez que Leandro,
inacreditavelmente, deixou a guitarra de lado.
* A Mystic
Montain lançou o seu 1º CD. O Gustavo ficou de me passar, até agora
nada. Filha da mãe de uma figa. Filho da mãe de uma figa? Caralho, da
onde eu tirei essa merda!?!
* Olha que bonito! A banda Dínamo
Z fez uma música (em processo de composição) que tem o seguinte trecho:
"E o Fina Flor pelas ruas de Taguá...". Estou deverás lisonjeado.
Entretanto, camarada Bruno, você não se livrará do poder de meus
cascudos!
* 3 Violators (Batera, Capaça e Espinha) e 2
convidados (Novato e CDC) estão juntos um novo projeto musical para
assolar o cenário da música rápida do DF. Scumbag – que é o nome da
cria – é Grind com influências de Death-Metal e Crust. Mais barulho
para seus ouvidos!
* Os fanzines irmãos Fúria Urbana,
Mensalão do Capeta (a ilustração da nova capa ficou fantástica!),
Dejetos (uma máquina zineira esses guris!), Subversivo e Who Cares?
lançaram novos números e eles estão aí, perambulando nas ruas, doidos
para serem adotados e lidos. Descolem, se virem e descolem!
*
Dominium a Eternum é o novo nome da banda de Death-Metal Eterno. A
razão da mudança, que não foi sugerida pelo Seu Creysson, foi, segundo
o baterista Laerte, "em função de sempre associarem a Eterno à banda
white eterna". Aproveitando a deixa, quando é que vocês vão tocar, meus
amigos?!?
* Glauco retorna às atividades autorias, graças ao
encontro com o lendário e destemido Renato Coca-Cola. Dessa junção
nasceu a banda de Black-Metal Voor.
* Ronaldo, ex-Infame e
quase um Noise Incorporation, é o novo baterista da Alarme, a qual
promete um CD para comemorar seus 20 anos de atividade e nós, é claro,
devemos esperar "Punk até o osso" com toda a ansiedade desse mundo.
*
O selo Genocide nos brindará com o lançamento em CD da Amenthis, banda
que fez história no Death-Metal candango apesar da curta trajetória. A
bolacha em questão trará a demo Dualism e mais uns bônus retirados de
ensaios e shows. Raridade absoluta. A capa foi redesenhada pelo artista
e tatuador Joubert (Alta Voltagem Tatuagens).
* Maldito
informante. Fui informado que a River Phoenix havia acabado, porém,
felizmente, a banda apenas havia dado um tempo além do normal, mas
agora está de volta aos ensaios.
* Sai na Europa, Portugal
para ser mais preciso, a coletânea Face of Chaos com as bandas
brasilienses ARD, Besthöven, Kaos Klitoriano e Terror Revolucionário,
sendo que cada uma ficou responsável por 4 canções. A iniciativa partiu
do Amarildo, editor do zine brasileiro o Subversivo.
*
Radiossauros muda de nome e de baixista. O novo nome é Ninguém de Vênus
e quanto ao nome do novo baixista eu não lembro nem a letra inicial.
Uma merda isso. Mozart saiu para se dedicar a suas outras bandas: 5
Generais e Gangorra.
* Humberto é o novo-velho baterista da
Into the Dust, já que havia participado do embrião da mesma, que na
época se chamava Grothesc. Ainda sobre a ITD, o power trio do Gama fará
uma versão para "Sem nada", música da banda Bolha, em um interessante
projeto encabeçado pela gravadora carioca Válvula, onde várias bandas
tocarão músicas de grupos brasileiros setentistas. Esse será o 2º
volume do projeto "Achados e Perdidos".
* O encontro de
dois grandes diabos negros da música metálica fará a terra tremer! A
Kill Again, do meu irmão Rolldão, expande seu exército e lançará no
Brasil os primeiros CDs da banda norte-americana Hirax.
* Ronan, responsável mor pela Mosh’s Produções, promete, pelo menos um show por mês no Black Out Bar (904 Sul).
*
Headbanger’s Attack Festival comemorará sua 5º edição em nova casa. O
novo palco – que tem história de sofrimento e exploração no ato de sua
construção – será o Círculo Operário do Cruzeiro Velho. Disforme dará
os acordes iniciais às 16 horas, seguida da Utgard Trölls, Slaver,
Mortal Dread (Gyn), Adviser (Anp), Krow (MG), Scourge (MG) e Attero
(MG). Para quem chegar até às 19, o ingresso custará 8 reais, passando
desse horário, terá que desembolsar R$ 10,00.
* Caga Sangue Festival já tem data certa: 17 de junho de 2007. Os cagões responsáveis estão fechando os últimos detalhes.
*
O Circuito Underground do Riacho Fundo II está a todo vapor. Os manos
estão até montando um escritório. Sabem o que está faltando lá? Um
fanzine! Grande lacuna fácil de ser preenchida. Logo, mãos à obra... de
novo!!!
* Falando na Cidade, dia 22/04 terá Riacho em Chamas
(com Disforme, Oniscientes, Ejaculação Precoce, Espuleta, Tumor Kaos,
TR, entre outras).
* Dia 21/04 tem shows simultâneos. Um
será em Sobradinho, onde tocarão diversas bandas, umas delas são
X-Granito, Terror Revolucionário, Artigo 137, Etno, Cadabra, e o outro
no Galpãozinho do Gama, no Metal Union Force, organizado pela novata
produtora Ritual Negro, onde Seconds of Noise e Demolish dividiram o
palco com bandas de vida recente: Baraque’s Lord (GO), Holy Sword,
Neffheim e Hazeroth (que estará lançando sua 1º demo).
*
Resultado final da telesena, digo, do Duelo de Bandas, organizado pela
loja Abriu Pro Rock: 1º Slaver, 2º From Hell e 3º More Tools
*
Finalmente uma luz em meio a esse denso nevoeiro. Marcos Pinheiro é o
nomeado diretor da rádio cultura e prometeu devolver o espaço perdido à
cultura alternativa / underground, com a volta de alguns programas, a
criação de outros e a eliminação de uns monstrengos que estavam
denegrindo o bom nome da rádio. Prometeu lutar para ampliar o alcance,
assim como melhorar a sintonia. Acho desnecessário apresentá-lo, mas
para depois ninguém reclamar, aí vai um pouco do currículo do rapaz:
idealizador e apresentador do programa Cult 22, produtor (um dos homens
fortes do festival Porão do Rock), DJ e jornalista (ele foi um
responsáveis pela abertura de espaço dentro do Correio Braziliense para
o Rock local). Mais merecido impossível!
* Dia 30 de junho
terá o show de gravação do DVD da Death Slam. A banda pede a ajuda de
todos para que compareçam e ajudem na divulgação desse evento. A
intenção é fazer a gig no Galpãozinho (Gama). Mais detalhes no próximo
informativo.
* Petrônio (Disforme, Podrera, OJTB) é o novo baixista da 7 Pele.
ENTREVISTA OU BATE-PAPO:
Nossa
cena está infestada de pessoas impares. Ainda bem. O Robson, nosso
entrevistado, é mais uma soma com um resultado positivo de nosso
universo quase paralelo. Músico, idealista, professor, produtor, enfim,
mais um do time do sadô, mais um que decidiu pegar o leme do barco e
guiar contra as correntezas, ir à contramão de todas essas banalidades
que nos são ofertadas diariamente. "Vai entrevistar ou vai ficar
enchendo lingüinça!?!", você deve estar esbravejando. Logo, sem mais
delongas, até porque o nosso palestrante tem muito a dizer, vamos ao
nosso costumeiro bate-papo.
01) Robson, meu amigo, acompanhei
a trajetória da Lupercais por um período e, desculpe, não me lembro de
você. Para mim foi uma grata surpresa saber disso. Era uma banda muito
boa que fez e continua fazendo muita falta. Sidney era um grande poeta.
Por quanto tempo esteve na banda e como foi esse período?
R.:
É verdade, toquei guitarra no início da banda, fiz parte da gravação da
primeira fita-demo, numa sessão mágica! Gravação que repercute muito
bem até hoje no cenário gótico. Não me lembro muito bem a data, mas era
por volta de ’95, ’96... Na época eu tocava numa banda chamada Bloody
Clouds que fazia parte de uma cena de guitar bands que faziam rock
alternativo inspirados em indierock britânico e americano, pós-punk ou
qualquer coisa que pudesse ser vanguarda. Eu já conhecia o Sidney e
sabia que ele estava com dificuldades para achar um guitarrista. Numa
apresentação da banda Psycho Shadows, no Balacobaco na 402 sul, fui
convidado por ele para integrar a Lupercais. Na semana anterior haviam
tocado a Loverdown e Johnsons e, quinze dias antes, Bloody Clouds e May
Speed, apresentação que ele gostou muito e o fez decidir pelo convite.
Era um período de transição entre o final da Bloody Clouds e o início
da Barbarella e era a primeira vez que eu tocava fora da minha primeira
e única banda até então. Fizemos alguns shows, tocamos com Animais dos
Espelhos, Políbias, Kaos Klitoriano, entre muitas outras dessa época.
Sai antes da gravação da segunda demo.
02) Em uma de
nossas conversas, descobri que você é tão velho quanto eu, apesar de
não tão enxuto. Gostaria de saber quantos desses anos são dedicados ao
Rock?
R.: Há Há! Velhos não. Experientes. Hehe. Bem, em 1991
começo no cenário com uma banda chamada Bloody Clouds, que fazia rock
alternativo com influências de Sonic Youth, My Bloody Valentine, Ride,
Jesus and Mary Chain, etc. Antes eu era apenas um expectador curioso e
apreciador da história do rock’n’roll. Tocamos até o início de ‘96. Em
’95 sou convidado para participar da Lupercais. Neste ano eu editava um
fanzine impresso chamado Iconoclasta, direcionado mais à literatura,
chegou a ter apenas dois números e circulou por Ceilândia e Taguatinga.
Em 1996 começamos o projeto Barbarella com Pablo Emmanuel no baixo,
Onilson Nunes na bateria e eu na guitarra e vocal. No ano seguinte
gravamos 7 músicas no estúdio Artmanha/DF, com produção do velho
Geruza, baixista da Escola de Escândalo. Todas as músicas em inglês
ainda como herança da Bloody Clouds, mas já cantávamos em português,
agora com a psicodelia sessentista mais presente e ecos do pós-punk
inglês com o rock alternativo do início dos anos 90. de lá para cá
tenho atuado tocando na banda e produzindo eventos com outras bandas
independentes.
03) Eu sou de classe baixa, não sei
você, e era muito comum em nosso meio – ambiente natural dos
quase-falidos – ouvir o jargão dos pais: "termine pelo menos o 2º
grau!". Nisso, muitos de minha/sua geração, inclusive este que vos
escreve, seguiram a risco a cartilha da pequena massa opressora e
burguesa, a qual estampa em letras garrafais o slogan "a educação é
para os ricos!"; hoje, entretanto – e muito felizmente -, está
mentalidade está mudando. Você acha que as pessoas estão mais cientes
da importância da educação ou apenas – e mais uma vez – o mercado
financeiro está ditando as regras e afunilando a boca do funil?
R.:
Camarada, só sei que tudo sempre foi muito difícil para mim.
Infelizmente a educação é tratada como mias um produto a ser consumido
pela sociedade, com a distância social entre ricos e pobres aumentando
cada vez mais, essa "pequena massa opressora e burguesa" utiliza o
argumento de que é a baixa escolaridade e a falta de especialização que
aumenta o número de desempregados justificando o subdesenvolvimento e
jogando a culpa no cidadão, que não estuda porque não quer. Ora, se
pensarmos que o desenvolvimento é proporcional ao investimento em
educação, o contexto que temos é de uma minoria que tem acesso à
educação, que para a maioria das pessoas é uma esperança de ascensão,
por isso a educação é tão difícil, tão cara... então, educação é
capital. A população tem que ver a educação como um prazer e uma
alternativa de ascensão e não como um castigo, uma obrigação. Meus pais
me ensinaram que só o que era realmente meu era o estudo.
04)
Trabalhei um tempo na Fundação Educacional – foram tempos deliciosos! –
e ficava assustado com a baixa estima dos alunos. Para você, que como
eu à época, trabalha em escola pública e de cidade satélite, o popular
subúrbio, trabalha isso em sala de aula?
R.: Os alunos das
satélites têm consciência da condição de exclusão bem presente, desde a
posição geográfica de distanciamento do Plano Piloto, materializando a
relação periférica das cidades. Até o fato de morar na capital do país,
tão próximo dos monumentos e tão distante das decisões, distante dos
centros culturais, dos points de lazer, da universidade dos sonhos, dos
teatros, cinemas... por aí vai. A diversidade cultural cria uma forma
de independência e a arte é mais uma alternativa para procura de
identidade e auto-afirmação. Co-existem o anseio do êxodo, a saída da
cidade e o sentimento de crescer ali. Sempre reservo uma parte do
conteúdo para falar sobre a transferência da capital e o surgimento das
cidades-satélites é o melhor exemplo de exclusão social.
05)
Queria alongar sobre esse tema, mas ainda temos que falar do tal do
Rock’n’Roll. Então, para fechar, no meu tempo era comum a máxima "o
governo finge que nos paga e nós fingimos que ensinamos!". Isso ainda é
dito nos corredores das escolas? Isso era algo que alfinetava minh’alma.
R.:
Em todas as profissões existem todos os tipos de profissionais, os bons
e os ruins, os trabalhadores e os oportunistas, a área de educação é um
sacerdócio e todo dia é um dia diferente, somos seres humanos passíveis
de falha o tempo todo, sei que é difícil administrar toda a nossa vida
e ainda cumprir o papel de educador, com a consciência de ainda estar
aprendendo a cada momento. A responsabilidade é grande. Sei, também,
que revolta saber que é uma profissão que requer formação e tem o
salário mais baixo dos servidores com nível superior, mas garanto que a
maioria é compromissada com a missão de educador. (ndr.: sim, eu sei
disso, pois tenho vários amigos, como você que são professores
preocupados com o educar, entretanto, essa frase ecoava com força, não
sei hoje como ela ressoa, mas não devia ter forças, não devia existir.
Na minha opinião, os professores deveriam ter os melhores salários
entre os servidores da população, pois fazem um dos serviços da mais
primordial importância e a não educação ou a educação pela metade que
ora vemos e somos submetidos, por razões quase que estritamente
políticas, faz com que caminhemos para trás ou, na pior das hipóteses,
nem caminhemos.)
06) Rock é filosofia?
R.: Com
certeza! O conceito do rock vai muito além de apenas mais um produto de
consumo propagado pelos meios de comunicação ou simplesmente mais um
gênero musical. Seu significado está ligado ao impulso de contestação,
rebeldia, inconformismo e questionamento de valores estabelecidos. É o
veículo de expressão do grito contido do novo, da voz da juventude,
seus sonhos, seus medos, suas angústias... é a atitude, não é a forma,
a casca, mas o espírito da transformação, a consciência do infinito de
possibilidades com a única certeza de não ser mais si mesmo.
07) Que porra significa Barbarella? Procurei no dicionário Aurélio e não encontrei referência alguma...
R.:
È uma personagem de quadrinhos de ficção científica dos anos ’60 criada
por um francês chamado Jean-Claude Forest, que unia a figura sensual de
astronauta futurista com cenários psicodélicos. Em 1967 ganhou uma
versão para o cinema com Jane Fonda no papel. Queríamos uma referência
a esse período de efervescência psicodélica e experimentalismo.
08) Perguntas curtas, respostas rápidas (sobre a banda).
R.: Quando começou: 1997.
Quais materiais lançados: Uma fita-demo e três ep’s independentes.
Show mais marcante: Festival Cult 22 – 2005.
Composição de mais orgulho: "Mário Eugênio sabia demais", do nosso ep de 2002.
2 pretensões: Turnê mundial e virar lenda do rock.
Atual formação: Robson Gomes (gt/vc), Robson Freitas (bt) e Pablo Emmanuel (bx).
09)
Antes de rasgar seda para a idealização do projeto Módulo B, gostaria
de parabenizá-lo pela grande sacada: prioridade total a bandas
autorais. Demais isso, camarada. Quando, como e por quais razões nasceu
o Módulo B?
R.: Valeu, mas o mérito é de quem faz trabalho
autoral, provando que a história continua... Bem, somente em 2006
conseguimos organizar bandas com o objetivo em comum de fazer um
trabalho próprio e trabalhar para divulgar essa produção. O Módulo B é
uma iniciativa que se manifesta como cooperativa de bandas e mutirão
cultural com a proposta de apresentar uma parcela da nova safra de
bandas e artistas locais com trabalho autoral, suas linguagens e
diferenciadas interpretações do patrimônio cultural da cidade, além de
oferecer mais uma alternativa de lazer e cultura, valorizando a arte
realizada nas cidades-satélites e incentivando sua criação e
divulgação. E nasceu da falta de espaço para tocar, porque as maiorias
dos bares só querem bandas covers e nada para as autorais, nada de
políticas públicas que facilitem ao artista se expressar.
10) Quantas bandas compõem hoje o time do Módulo e como fazer para ser parte integrante desse grupo terrorista de ação cultural?
R.:
A adesão é de acordo com o que cada banda está disposta contribuir para
o sucesso dos projetos, o objetivo é pensar coletivamente, todos
ajudando para divulgar todas as bandas cada uma com sua necessidade e
especificidade. Fazem parte hoje efetivamente os grupos Dínamo Z,
Barbarella, Lua de Luanda, Rutherford, Modular, Dr. Voice, Face do
Caos, O Verde, Ninguém de Vênus, A Mákina, além de outros grupos que
tocam nos nossos projetos, e artistas, poetas, fanzineiros e amigos que
sempre nos ajudam. Para fazer parte é necessário atitude, honestidade e
vontade de trabalhar para divulgar todas as bandas e não somente a sua
própria.
11) Fora o fato de priorizar bandas autorais, quais os outros objetivos do ‘grande B’?
R.:
O nosso intuito é consolidar um cenário independente com um movimento
cultural que represente a produção artística das cidades-satélites, com
a formação de público consumidor de músicas novas, de produções novas
de artistas contemporâneos locais. Além de propor alternativas de
inclusão social através da arte, concretizando os objetivos de divulgar
a expressão artística produzida na cidade. Seja na coleta de livros
para a formação de bibliotecas comunitárias ou arrecadação de
brinquedos, agasalhos e alimentos não-perecíveis para instituições
sociais, fomentando a criação, produção e divulgação de obras e
artistas locais. Interação entre público e artistas, valorizar a
auto-estima dos artistas locais. Criamos vários projetos que
repercutiram muito bem, como o ROCK NA RUA!, criado, produzido e
desenvolvido pelo Módulo B, que é uma intervenção no espaço urbano como
forma de protesto à falta de espaço. E a incansável busca da construção
de uma identidade cultural da cidade baseada na diversidade de
informações e estilos musicais. Propiciar meios de interação entre
artistas locais e artistas de outras satélites, e fortalecer a cena de
eventos e consolidar a construção de um movimento cultural entre todos
os segmentos artísticos. Estamos em fase de implantação do MÓDULO B NAS
ESCOLAS no CEM 03 da Ceilândia, com oficina de fanzine e oficinas de
Rock’n’Roll com bandas de alunos e logo logo será estendido às outras
escolas da rede.
12) Se permite uma sugestão, acho que
o Módulo deveria articular uma coletânea em CD. Indo além, sendo para
lá de enxerido, acho que Barbarella, Dínamo Z, Ninguém de Vênus e O
Verde daria uma grande compilação com cara de Rock Brasília.
R.:
Concordo, mas acredito também que muitas outras bandas de qualidade
representariam muito bem o rock de Brasília, só que elas estão
escondidas nas garagens, nos estúdios, nas escolas do DF. Elas só
precisam ser vistas e ouvidas. (ndr.: concordo plenamente, mas o fato é
que, nesse momento, nesse contexto, refiro-me as bandas do Módulo B e,
referindo-me ao projeto mencionado, essas 4 são as que mais se destacam
ou pelo menos mais se apresentam, por isso o primeiro passo com as
‘bandas carros fortes’, para abrir e limpar caminho para as demais.)
13)
Eita, número 13. Sou adepto do Zagalo, então a entrevista acaba aqui.
Pegue suas trouxas, fale qualquer coisa e não bata a porta ao sair.
Antes que esqueça, obrigado por aceitar bater um papo comigo.
R.:
Primeiramente, eu queria agradecer o espaço cedido, à lembrança dessa
figura que vos fala e parabenizá-lo pela batalha e persistência de
manter um fanzine impresso, são iniciativas como a sua que me fazem
olhar para as dificuldades do cenário independente e ter certeza de que
tudo vale a pena. Ah, e por falar em fanzine, o RADAR SATÉLITE, (nosso
zine!) pode ser encontrado nos shows, o nº 4 já está saindo. Contato:
bandabarbarella@gmail.com BANDAS:
NINE
FUNERAL: Chega de Heavy-Metal bonzinho, cheio de firulas e músicos
recém-saídos de um salão de beleza. O grande lance é chutar o balde e
deixar o sentimento conduzir a música e não tablaturas repletas de
virtuosismo. Se resgatar esse espírito oitentista foi a intenção da
Nine Funeral, a banda obteve êxito e passou bem passado. Tá, os caras
não tocam muito, mas é exatamente aí que entra os grandes trunfos: boas
idéias e um sentimento Headbanger quase comovente. As influências aqui
são Mercyfull Fate, Judas, Accept, Exorcist e outras velharias
preciosas de nosso vasto e sagrado baú do Metal! Das 3 faixas desse CD
demo de belo rótulo, mas sem capa (?), a minha preferida é "Behind the
death". John Agony, o vocalista, é o destaque entre os 5 cavaleiros do
Metal. Cont.:
diogo_metal9@yahoo.com.br
FROM
HELL: A única coisa ruim dessa banda é que o Rodrigo – que muito em
breve será um dos melhores bateristas de Metal do DF – teve que sair da
Bizzare Kings, fora isso, é uma super banda. Tive a grande sorte de
vê-los ao vivo e posso afirmar que estamos diante de um verdadeiro
tsunami, tamanha a devastação sonora proporcionada por esses 5
headbangers. O som é um Death-Metal agressivo, violento e tocado com
muita técnica, sem contar que ainda conseguem unir as duas escolas do
Metal da Morte com especial competência. A From Hell é uma dessas raras
bandas em que todos os músicos são extremamente bons no que fazem,
tomara que essa formação persista para sempre, pois, assim, headbangers
de todo o mundo terão motivos de sobra para sorrir! Caso esse CD demo
tivesse vindo com capinha ou pelo menos com as informações básicas,
iria direto para a seção Destaques da Edição e de lá ficaria como um
troféu. Cont.: (61) 3379-6651 ou 9651-8384
IH8U: Acho
que é isso, não me recordo plenamente. Sei que uma pessoa chegou e
presenteou-me com o CD da banda que ele fazia parte. Isso foi no Gama,
durante o Duelo de Bandas. Eis que cheguei em casa e coloquei o CD
sobre o som e, quando fui procurá-lo para ouvir, a surpresa sem graça:
cadê a demo dos caras? Cadê? Eu sinto muito, foi um grande vacilo meu,
espero que possa ganhar outro e, se rolar, prometo tomar mais cuidado.
DESTAQUES DA EDIÇÃO:
DENIED
REDEMPTION / MALEUS MALEFESTOS: As bandas que dividem essa split-tape
já me conquistaram por alguns pequenos detalhes. A "DR" traz uma placa
com o corte no nome white metal (ndr.: sei que isso é preconceito,
desculpem-me por isso, mas foram eles que começaram. Alguém aí lembra
dos panfletinhos que eles entregavam?!?), já o "MM", por sua vez, risca
a velha e estúpida suástica. Sonoricamente, as duas soam Black-Metal,
sendo que a DR priva pela morbidez, pelo peso e por composições mais
arrastadas, enquanto a MM, banda de um só senhor, prefere à velocidade.
Outra semelhança entre os trabalhos é que ambas as bandas atacam com
dois hinos, apesar da DR está com uma produção, tanto gráfica quanto
sonora, mais apurada, o que, em hipótese alguma tira o brilho de sangue
do trabalho da Maleus Malefestos. Para finalizar, a cena Black-Metal
deve muito ao vocalista da Denied Redemption, o meu amigo Tiago, aqui
Necrogoat, pois, desde que o conheço, e isso já tem prá lá de 11 anos,
ele explora o universo da música que desossa Cristo. "Banger até a
morte!" Cont.: Setor de Mansões Leste, lt J22, Planaltina – GO ou
abstractfuneral@hotmail.com
COLETIVO
UNDERGROUND: CDr coletânea envolvendo uma música de cada banda que
tocou no festival homônimo, no dia 10/03 no Círculo Operário. CD
silkado, capinha bem feita, bandas legais e a idéia que já faz valer a
aquisição. Detalhe: o CDr só foi entregue na porta do show, quem pegou,
pegou, pois o mesmo não está mais disponível! A idéia foi juntar bandas
de estilos e locais diferentes e isso foi feito. Prisão Civil abre com
seu Punk-Rock contagiante, que depois toca para a Podrera, a qual
emenda com seu Crossover de Metal e HC. Daí segue o lançamento e a
Slaver aproveita e detona seu Thrash-Metal. Meio de campo e a Bruto já
dá uma bica para explodir com seu Metal pesado e rápido, a sobra fica
com a Terror Revolucionário que entra quebrando com a versão Crustcore
para um clássico da Besthöven. Jogo ganho e a Zé Recado & Tommy
Nota pisa no freio e manda um Punk’a’Billy de letra divertida; Kábula e
Elffus se encarregam das firulas e fecham com chave de ouro e detonam,
consecutivamente, Hard’n’Heavy e Heavy’n’Roll de ótima qualidade.
Cont.:
zineoficial@terra.com.br
OFICINA
DE IMAGEM POPULAR: Na seção ‘Honra ao Mérito’eu falo do Marcelo, de sua
importância e do modo certeiro de como ele injetou cavalares doses de
auto-produção nos jovens de sua cidade e, esse DVD, mas do que nunca é
uma prova cabal disso. Dos 4 curtas aqui contidos, um é especificamente
sobre a causa underground, um documentário de como as pessoas da cidade
do Riacho Fundo II se juntaram, somaram forças e viabilizaram uma das
cenas que hoje é uma das mais fortes e ativas do DF. Tudo registrado em
vídeo, para a prosperidade, para que as pessoas se sintam importantes
dentro de algum contexto, para que as pessoas se ouçam e se vejam como
seres vivos pensantes e ativos. Grande trabalho social!
CONEXÃO PEQUI:
RPDC:
CD de estréia e surpreende muito pela qualidade apresentada, seja pelo
designer, pela gravação, bem como pela competência dos músicos. Remédio
Para Dor de Cabeça é o nome desse primeiro trabalho e, estranhamente, o
nome da banda, que resolveu simplificar tudo isso e atender também por
RPDC. Loucuras à parte, quase todas as 11 faixas desse CD de
pouquíssimo mais de 30m., são de muito bom gosto, é uma espécie de
Punk-Rock, mas com uma gravação que deixou tudo bem alto e pesado. É
como, mais ou menos, lá vou eu de novo com minha síndrome de Lula, se a
Garotos Podres – que é descaradamente a principal influência da banda –
resolvesse tocar Metal. Percebe-se um pouco de Dead Kennedys, Cólera e,
por causa da última música, Chico Science no som desses guris também.
Vamos ver se o padrão de qualidade será mantido. Tomara que sim! Cont.:
rpdcpunk@gmail.com
DEATH
FROM ABOVE: Falar o que de uma banda D-Beat que tem o Mingau na sua
frente? Rasgar elogios e nada mais, é a única coisa que me cabe nesse
latifúndio. Ótimo nome, caprichado lay-out, letras na melhor tradição
da escola do ‘D’ maiúsculo e 7 músicas que já nasceram com o carimbo de
qualidade estampado em suas simples partituras. Entre as 7 inclui-se
"The final blood bah", da Discharge, como de se esperar, a razão de
existir do Mingau e, por conseqüência, da Death From Above também. Só
não vale nota 10 porque acaba ligeiro demais! Cont.: Cx. Postal 5252 –
Goiânia – GO – 74025-020 ou www.myspace.com/dbeatdeathfromabove
BRUTAL
METAL FEST: Só o fato da feitura desse CDr já é meio passo na
obrigatoriedade de descolar esse trampo, para fechar o cerco e você não
ter outra alternativa a não ser adquirir, os produtores do festival, os
irmãos gêmeos Rivanildo e Segundo, ainda fizeram capinha (nota: vou
fazer de conta que não vi os erros de português!), meteram tinta no CD
e escolheram um invejável cast de bandas: Claustofobia, Spiritual
Carnage, Ressonância (ndr.: que fez um show espetacular durante o
festival!), Winds of Creation, Secret of Abyss, Necropsy Room, Dark
Ages, Death Slam (afinal, alguém tem que queimar o filme!), Brutal
Exuberância, Flashover, Nervochaos, Desastre, WC Masculino, Attero,
Krow, Mortificy e, de bônus, a Corja. Foda demais!!! Cont.:
corja2000@yahoo.com.br
PERFECT
VIOLENCE: Olha que merda, da primeira vez o Segundo, dono da major Two
Beers, me entregou um CD em branco, agora me entregou outro e eu
esqueci a porra do CD no carro da Márcia. Esse complô maldito será
quebrado no próximo número, logo que minha secretária explorada
devolver-me o registro 01 da Perfect Violence. Agora foi culpa, não por
revanche, não mesmo, totalmente minha. Foi mal! Para completar a
cagada, ainda perdi o CD demo da TERROR CORPSE e, cá entre nós, já me
xinguei muito por isso, pois estava em uma fissura enorme de ouvir esse
trabalho, pois meus amigos de Goiânia, todos eles, foram unânimes em
rasgar elogios a esse power trio. Segundo, tem jeito de me mandar de
novo?!? Diz que tem, velho, diz que tem....
EXCEÇÃO:
ATTERO:
Conheço o Marquinhos desde suas antigas bandas (Lixo Social, Krosta e
Cirrhosis) e acredito que o CD de estréia da Attero, banda de
Uberlândia que lançou "Enemy" pelo selo goiano One Voice, seja a
agregação perfeita de todas essas suas experiências. É bem certo e
notório que há digitais dos outros integrantes da banda ao longo de
todo o trabalho, especialmente nas partes em que a pesada embarcação
tende mais para o lado do HCNY ou do Moshcore, por exemplo, mas os
momentos de Death-Metal, Crust e HC europeu embutidos aqui são maioria
e lembram mais as assinaturas do guitarrista Marquinhos. Devido a toda
experiência dos envolvidos (músicos e selo), não é de se estranhar que
esse 1º CD soe com tanta qualidade e zelo! Cont.:
www.myspace.com/attero COTIDIANO: CUIDADO, COITADO COTIDIANO
Vocês
já me acompanharam por tantas viagens, que uma vez mais não fará mal
algum, logo, apertem os cintos e peguem suas máscaras de oxigênio, pois
a viagem agora é para um dos lugares mais fétidos de nosso planeta
semidevastado: meu cérebro. Paulo Octávio, enquanto senador, defendeu a
criação de um novo estado. Dentro do pensamento dele, ao que consta,
Brasília seria separada de suas satélites e essas cidades são as quais
formariam um novo estado, que teria por capital, nada mais nada menos
que Taguatinga. Ou seja, Brasília seria, definitivamente a ilha do
poder. A idéia não foi bem recebida no senado e não colou.
Estranhamente, o atual governo do DF, do qual ele é vice, após perder a
queda de braço ou, sabe-se lá, após um acordo macabro, resolveu levar o
GDF para Taguatinga, tanto que a imprensa chapa branca apelidou o lugar
de Buritinga. Ora, eu deveria adorar isso, vocês devem estar se
indagando, afinal, moro em Taguatinga. E é exatamente por, não só
morar, mas por amá-la com intensidade, que farejo um cheiro de golpe no
ar. Talvez estejam planejando essa divisão na surdina, para na calada
da noite ou mesmo no agito do dia, nos apunhalar. Do novo estado
proposto, poucas cidades teriam forças para caminhar com pernas
próprias e o caos seria instalado em questão de meses (salários
reduzidos, escolas e hospitais ainda mais sucateados, violência
generalizada e outros malefícios incorporados viriam no bojo dessa
idéia insana). Cuidado, pois, como diz o ditado: "nem tudo que reluz é
ouro!"
COMPANHEIROS DE HOSPÍCIO
COMPANHEIROS DE HOSPÍCIO
UNDERGROUND
NIGHTMARE: O # 01 vem em 3 folhas A4 e 5 páginas (?) com resenhas,
novidades e uma entrevista bem conduzida com a banda Orgy of Flies. A
Capa, um desenho da banda entrevistada, merece ser moldurada. O zine,
até o momento, é 100% Metal, minha esperança é que no próximo seja
incluído algo sobre bandas HC também. Outra ressalva que faço é com
relação ao melhor aproveitamento dos espaços em branco, pois, caso
fosse feito isso, o número de páginas cairia para 4, economizaram na
fotocópia e ainda teriam mais exemplares desse necessário impresso em
nossas ruas. Desde já fico na espera do # 02, espero que não seja o
último a receber, afinal, acho que somos da mesma família, pois seria
loucura demais alguém assinar o mesmo sobrenome nosso: Sant’Anna. Posso
ser seu tio, rapaz, então, é prioridade ou bifa!!! Cont.: QNP 14 Conj.
B Cs. 10 – Ceilândia – DF – (61) 3376-3055
ALTERNATIVA
LIBERTÁRIA: Caramba, fazia muito tempo que eu não via um zine Punk
feito pelos anarcos do DF. E fiquei ainda mais feliz ao constatar a
qualidade desse impresso (ótima diagramação, cópia perfeita, bons
textos – destaque aí para a merecida homenagem ao grande irmão Joacy
Jamys – e ilustrações mais do que apropriadas). E, detalhe, essa é a
primeira garrafa do coquetel molotov, que, segundo anunciado, trata-se
de um periódico trimestral do Koletivo de Resistência Anarco Punk do
DF. Alternativa Libertária: "Concretizando utopias, Corroendo
tradições". Lindo isso! Meus mais sinceros parabéns! Cont.: Cx. Postal
2311, Bsb – DF, 70343-970 ou
krap_df@riseup.net HONRA AO MÉRITO
Ele
já esteve nas nossas páginas, mas na seção "Um para Cristo", porém,
dessa vez o guerreiro Marcelo aparece onde deveria estar, no espaço que
condecora as pessoas indispensáveis para nossa cena. Desde que montou a
Podrera, ainda em Taguatinga, o sujeito das mil frases de efeito, mesmo
sem saber, era praticante do melhor estilo "Do It Yourself" e,
acreditem, fez escola. Como não tinha grana (ndr.: posso ouvi-lo gritar
neste exato momento: "E ainda não tenho!"), não tinha aparelhagem, não
tinha espaço para tocar, mas estava louco para se apresentar, ele
arregaçou as mangas e saiu perambulando com um pires na mão e uma
enorme cara-de-pau. Resultado: conseguiu realizar algumas gigs
memoráveis no quintal da casa do Eduardo, na QNG. Entretanto seu maior
triunfo foi quando se mudou para o Riacho Fundo II e transformou a
pacata localidade em um grande reduto roqueiro. Após sua chegada, seu
espírito empreendedor que rendeu aclamados festivais – destaque
especial ao Piru Music Festival – e seu contagiante espírito Do It
Yourself, o Riacho ganhou inúmeras bandas, uma boa qualidade de
produtores e até vídeo-makers.
UM PARA CRISTO
Cego,
feio e manco. Caso você o veja, notará que não por acaso essa trilogia
cabe tão bem ao nosso crucificado da edição. A ceguidão veio em função
do costume de manter as pálpebras sempre cerradas. Deve ser coisa de
família, pois Ricardo e Júnior, seus irmãos, também padecem do mesmo
mal. Tomaz só abre os olhos quando toma algum susto ou quando leva
alguma estocada. Ultimamente, diga-se, seus olhos estão mais abertos,
fruto, dizem as más línguas, de muitas estocadas amigas. Quanto à
feiúra – foi graças a ele que inventaram a expressão "feio de doer!" –
parece ter sido uma maldição que rogaram sob os filhos da Dona Marlene,
pois a ala feminina é de grande beleza. Foi uma infância / adolescência
dura a do meu amigo Tomaz. Sem dinheiro, sem nenhum atrativo físico,
quase sem visão – exceções feitas às felizes horas das estocadas – e
totalmente desprovido de qualquer beleza externa, restou-lhe a opção de
ser ateu. Afinal, convenhamos, ele tinha (e tem) todas as razões do
mundo para acreditar que Deus não existe ou que ele não existe para
Deus. O fato de nunca poder tido o doce privilégio de uma vulva roçando
o seu corpo, é rapidamente abstraído de seu cérebro graças aos ombros
cabeludos e suados de alguns de seus inúmeros amigos (ndr.: sou muito
amigo dele, mas meu ombro não é cabeludo!). Amigos, aliás, é algo que
não lhe falta, pois a ausência da beleza exterior foi recompensada com
a interior. Esse cara ajuda todo mundo, tem o coração do tamanho de um
trem. A quantidade excessiva de álcool existente em seu corpo caminha
lentamente e ele está próximo ao estágio conhecido como "pé inchado".
No momento, pingas e cervejas estão acumuladas em seu joelho, fatos
esses que estão deixando-o manco. Quando Tomaz está com a mente
ocupada, seja por suas ótimas ilustrações, seja pelo fato de deixar
bonito o que antes era feio (ndr.: não, ele não é cirurgião plástico,
ele é arte-finalista, um dos melhores designers gráficos do DF. Também
pudera, ele é do tempo em que os arte-finalistas palitavam os dentes
com caneta nankin!), ele se sente realizado e esquecesse das amarguras
e espinhos que a vida plantou em seu caminho. Por isso e por outros
motivos que é para Tomaz a minha humilde homenagem na forca, digo, na
seção "Um para Cristo" dessa edição.
(Camaradas leitores, eu acho que depois dessa vez vocês podem dar adeus ao Fina Flor impresso em gráfica!)
METENDO A COLHER NA SOPA ALHEIA:
*
Agora não é na sopa alheia, é nossa sopa. Já que estamos sem espaço,
vamos fazer com que o Círculo Operário do Cruzeiro o seja, vamos
transformá-lo na Casa do Rock!
* Uma troca de
favores, uma troca de produções entre os guerrilheiros do Riacho Fundo
II e os ativistas do Módulo B, ou seja, o Módulo promoveria uma invasão
da cultura underground dos reis do Riacho na Ceilândia e vice-versa.
MAS SERÁ O BENEDITO?
Sejam
de direita, centro ou esquerda, todos os dePUTAdos e senaDORes se
auto-proclamaram pobres e fazem corrente para aumentar o próprio teto
de vencimento. Tudo isso sem consultar os otários que os colocaram lá.
Salvo engano, nossos representantes estão lá para defenderem os
interesses do povo, de seu eleitorado. Será?
O
OVO OU A GALINHA? A vida antes da dívida ou a dívida antes da vida?
Antes o PT responderia essa pergunta de pronto, mas e agora, de que
lado o governo está?
E É VERÍDICO: Homem
bomba, o Demolidor, Arruda Dinamite, entre outros nomes estão sendo
atribuídos ao Governador devido a sua mania de implosão. Ele deveria
aproveitar o ensejo e entrar, abraçado com seu parceiro PO, cada qual
envolto em um cinto de bomba, na nossa Câmara Distrital. O duro seria o
cheiro da merda, mas isso passaria com uns dias...
FRASES DE BANHEIRO (dessa vez, retiradas das piadas do Ari Toledo)
"Aqui
termina a obra de um grande cozinheiro!" ; "A grande felicidade
consiste em chegar a tempo nesse local!" ; "O que o cu falou para a
bosta? ‘Não adianta piscar que eu não volto mais!’"
COLABORADORES:
Ana Flávia, Camila e Andressa (minha frente feminina de trabalho
escravo. Qual é mesmo a pena para isso?), To+ (se já tiver enxergando
não olhe no espelho!), Pituca e Happy Family, Marcão e todo mundo que
se considerar um.
TRILHA SONORA: Bandas
resenhadas, Facada, Glen Hugles, Rolling Stones, Lock Up, Nuclear
Assault, Kreator, Cólera e Scourge. Última pergunta: já viram peão mais
eclético do que eu?!?
EXPEDIENTE: Fellipe
CDC (escrevendo e digitando tudo o que você leu. Ah, o quê? Você não
leu tudo?!? Acredite, você não é o único. Então, corrigindo, escrevendo
e digitando tudo o que está aqui, inclusive o pouco que conseguiu ler!)
e To+ (diagramando e ilustrando para tentar deixar o Fina Flor mais
atraente para fazer com que você leia!). Para elogiar, elogiar,
elogiar, patrocinar, patrocinar, patrocinar (é, eu acredito em mensagem
subliminar!), entrem em contato comigo, por intermédio dos seguintes
meios: QNJ 21 casa 11 – Taguatinga – DF – cep 72140-210 (ou seja,
pessoalmente ou por carta) ou telefone (3475-9391) ou por email (
fellipecdc@yahoo.com.br ). Obs.: favor não tentar telepatia!
O Fina Flor segue divulgado na net graças à complacência de amigos muito especiais (e loucos também) como:
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HOUSE TATTOO (Tatuagens, Piercings e Cursos nas áreas) – QNM 18 Conj B
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Um comentário:
Gostei do despojamento do blog. Sou artista no Gama e tem uma cena musical muito forte por aqui. Vamos divulgar nossas cidades e nossos satelites por outras órbitas.
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