Brasília vive um bom momento artisticamente! Sim, mas bom para quem? Os que se destacam no atual cenário do rock candango são ótimas bandas fazendo covers dos mais variados estilos e tendências do rock. Bom para as casas noturnas da cidade, bom para os músicos que faturam um troco e bom para o público que quer ouvir de novo as músicas que conhecem tanto que não as escuta mais em casa. Está certo que é legal ouvir o som ao vivo daquela banda que você gosta, mas cadê o resto? É só isso que esses bons músicos têm a oferecer?
O problema desse duelo no DF não é propriamente das bandas covers, mas sim o excesso delas. Essa grande demanda de artistas covers deixa a cidade "sonsa" e sem produção. E a falta de produção não está ligada a falta de rock autoral, mas sim a ausência de espaço para os que fazem música autoral. Por esse motivo não se vê uma banda de Brasília com projeção nacional nos últimos anos. Bandas muito boas estão "nascendo e morrendo" nos estúdios sem ao menos tocar em um barzinho.
Para não dizer que "não há espaço nenhum para as bandas autorais", existem locais na cidade que até abrem espaço sim, mas há dois fatores que dificultam a divulgação: o primeiro é a velha "panelinha", onde estão principalmente aquelas do Plano Piloto e as que sempre participam dos grandes festivais da cidade como o Porão do Rock. O segundo se deve ao fato de alguns lugares até aceitarem a musica autoral, mas desde que toquem durante a semana, ou seja, quando tem pouco público. Cidades satélites como Ceilândia, Taguatinga, Gama, Riacho Fundo e Samambaia estão produzindo um rock bem original na medida do possível. Estão "tocando o terror", "mandando ver", mas não são vistas pelas pessoas. Se as vissem é certo que se interessariam bastante. As bandas das satélites possuem uma riqueza musical imensa e dos mais variados estilos, para agradar do punk ao blues, folk ao black metal e do jazz ao pop, sem falar do alternativo indie, gótico e grunge. Há lugares no Brasil que a música própria é valorizada, onde os artistas conseguem até viver dela e faturam um bom couvert ou fazem shows normalmente e são bem aceitos. Nas satélites do Distrito Federal, os festivais independentes produzidos pelas próprias bandas, sobrevivem ao marasmo.
No Plano Piloto, os excessos de bandas covers, fazem com que as bandas autorais da chamada "panelinha" percam a originalidade, pois quando se tem muita cópia não se tem muita inspiração. E sendo assim o que se destaca são bandas que fazem um quase cover, ou seja, fazem um som imitando descaradamente as mais badaladas bandas pops do momento.
Espero que as bandas covers ganhe somente um round e não a luta, para que surja uma nova safra de boas bandas de Brasília pro rock nacional. Reaja efervescência!
BRUNO BRASMITH
2007
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