segunda-feira, 23 de junho de 2008

CHUVA NO MEIO DO CAMINHO : UM CONTO ZEN-BUDISTA SOBRE E-MUSIC

CHUVA NO MEIO DO CAMINHO
(Um conto zen-budista sobre e-music)
Vastos e longínquos são os campos psíquicos onde pastamos como gado, esperando a hora do abatimento sem saber do que isso se trata, apenas procurando com o olfato a tempestade que se aproxima.
No meio desse absurdo, eu vejo saindo de lugar nenhum algo tão luminoso que vibra e se materializa como raios e relâmpagos. Barras de luz que são projetadas repetidas vezes percorrem rapidamente toda a vasta extensão. Elas cruzam linhas paralelas que ficam suspensas, divididas e fixadas no ar. Um firmamento preso em meio a nada. Então elas se colidem. Produzindo uma espécie de estalo, um atrito que cria uma poderosa massa sonora.
Esta por conseguinte explode, ecoando e dividindo o tamanho da linha no espaço, gerando assim uma repetição de suas partes que agora são pequenos estrondos reverberando o vazio, até se diluir completamente.Nos intervalos dessas explosões, procuro ainda algo em que posso me concentrar, um objeto, um ponto de visualização. Olho para baixo, para os lados, e só consigo ver energia estática. Como chuva seca que não pode ser tocada. Não demora muito, outras barras de luz surgem para explodir nas paralelas suspensas. Novamente o som, o tempo, o vazio e o cheiro úmido da tempestade que se aproxima...

Texto e fotos (coleção “Indústria vegetal” e ”Cats boulevard”:
Ricardo Lacerda
ex-guitarrista das bandas 9milímetros e Free Lemond e ex-tecladista do RUTHERFORD, atualmente com os projetos eletrônicos DR. VOICE e I LOVE MIAMI

10 anos de Festival Porão do Rock

por Gil Pedro

Nos dias 1º e 02 de junho de 2007 foi realizado em Brasília um dos maiores festivais de rock do Brasil, o Porão do Rock. Trazendo 26 atrações nacionais e internacionais; bandas de Brasília e outras vindas de Recife, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Portugal e até Estados Unidos.

Este ano em sua 10ª edição, diminuindo de três para dois dias por falta de patrocínio suficiente para realizar o evento como nos anos anteriores, ficando até melhor para o público, se tornando menos cansativo e mais barato, por começar geralmente às 18 horas e ir até depois das 4 da madrugada.

Esta edição teve mais bandas alternativas, não tendo muito espaço para aquelas de sucesso radiofônico como nas outras edições, as mais renomadas foram Sepultura (MG), Nação Zumbi (Pe), Inocentes (SP) e Garotos Podres (SP) – duas das bandas mais antigas de punk rock do Brasil -, Angra (SP), e Mudhoney (EUA), a que deu início e mais influenciou as bandas de Seattle nos anos 1990, mais conhecido como o "movimento grunge", sendo a única que não fez sucesso comercialmente, porém, respeitada pelas outras.

A banda que mais surpreendeu o público foi a americana The BellRays, com seu estilo soul/punk rock/blues, tendo à frente a maravilhosa cantora Lisa Kekaula, com seu black power lembrando a época da Motown.

Mesmo desconhecida do público brasileiro, fez algumas pessoas dançarem e outras ficarem boquiabertas com o profissionalismo e a técnica da banda. "Have a Little faith" tem tudo para ser considerada o primeiro sucesso no Brasil, já sendo executada na Rádio Cultura FM.

Outra banda que está dando o que falar no cenário nacional é a candanga Móveis Coloniais de Acajú, com seu ska/pop e sua trupe de 11 componentes no palco, dando um show de energia e carisma para o público presente. A pernambucana Nação Zumbi deu um show de rock e maracatu fazendo um som bem moderno, apesar de tocarem poucas músicas conhecidas, tocando mais canções do trabalho mais recente. Por ser um festival com pouco tempo de apresentação para cada atração, poderiam deixar para mostrar as músicas mais novas em um show só deles. Que o festival dure por muito mais tempo trazendo para nós de Brasília novidades vindo de toda parte do mundo, afinal, merecemos, por sermos de uma cidade carente de grandes shows.

Gil Pedro

fotos:

RICARDO LACERDA

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