X-ROCK
'outros cantos, outras canções!'
A Casa do Cantador em Ceilândia é a única obra de Oscar Niemeyer no Distrito Federal fora do Plano Piloto e um centro cultural conhecido por ser divulgador das tradições regionais nordestinas como o repente, o cordel, os emboladores, as cantadeiras e violeiros, mas no dia 8 de junho o festival X-ROCK "outros cantos, novas canções" foi o grito de reconhecimento do rock como expressão da cultura popular. Uma iniciativa da cooperativa de bandas MÓDULO B que propôs uma amostra do que há de novo nas diversas manifestações de nossa cultura popular urbana contemporânea. Novas linguagens e interpretações diferentes do patrimônio cultural fizeram a cabeça de quem apareceu por lá e conferiu o novo rock alternativo brasiliense.
Às 18:00 os tambores da selva já começaram a rufar e o auditório tremeu diante do grupo MARACANDANGO que contagiou todas as tribos com sua mistura de ritmos e percussão hipnótica; maracatu e ciranda sustentam as antenas do grupo totalmente composto por instrumentos acústicos.
Logo em seguida o quarteto DÍNAMO Z apresentou seu rock alternativo em canções pop altamente influenciadas por indie rock, britpop e o pós-punk dos anos 80 com boas letras em português carregadas de ironia.Destaque para o entrosamento dos arranjos guiados pelo violão e pela guitarra, completados por tudo que as canções pediam do baixo e batera seguro. Recado dado com eficiência.
O PRISÃO CIVIL não pôde tocar por problemas pessoais.
E logo após o palco é ocupado pelo power trio BARBARELLA que, com uma mistura de rock de garagem e black music nacional dos anos 70, mostrou um rock alternativo consistente e moderno, antenado com o que há de mais novo lá fora e aqui, dosam peso com baixo suingado, ritmo e melodia com simplicidade e guitarra econômica, letras inteligentes e refrões ganchudos. Destaque para o batera pesado, seguro e com ritmo.
O quinteto A PONTE ocupa o palco logo após com efeitos espaciais de guitarra em canções dançantes, influências de música brasileira, rock nacional e indie rock com letras poéticas e bateria pesada, vocais alternados e backing vocal. O baixo é pulsante com pitadas de dub. Destaque para o duo de guitarras, apresentação cheia de psicodelia e tropicalismo revisitado.
Fechando a noite, os quatro rapazes do VITALÓGICA apresentaram seu rock com canções pop fortemente influenciadas pelo rock nacional dos anos 80 e pelo rock dos 90.
A noite se encerrou sem nenhum incidente e o público de aproximadamente 200 pessoas saiu satisfeito por prestigiar bandas com trabalho autoral e participar do cosmopolitismo apresentado pelos grupos através de suas influências contemporâneas que não deixam nada a dever aos grandes nomes do rock nacional e internacional.
Ceilândia se destaca no cenário independente pela riqueza cultural e pela resistência ao tédio e ao conformismo. Resistência que é reflexo do constante estado de efervescência artística da cidade, que transborda sua essência no cotidiano contraste social diante da grande diversidade cultural. As bandas apresentaram um som contemporâneo, bem informado, bem executado, competente e pop ! Cada uma com sua linguagem, mas agradável, inteligente e pronto para as rádios do país e do mundo.
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