domingo, 29 de junho de 2008

SARAU PSICODÉLICO-1º DE MAIO DE 2008-BLUES PUB

O Sarau Psicodélico produzido pela agitadora cultural Cida Carvalho,vem sacudindo cena independente com músicos e poetas de Taguatinga. Realizado no Blues Pub, o sarau está revelando grandes talentos e resgatando grandes artistas da nossa cidade. Em maio foi a vez das bandas Casa Vermelha e Barbarella mostrarem que no dia do trabalho, só roqueiro sua a camisa. Além do Rock and Roll, poetas e poetizas da nossa cidade fizeram apresentações belíssimas e teatrais. A banda Casa Vermelha foi quem deu início a parte musical, demonstrando muita maturidade e rasgando o verbo nas canções. O blues bem cantado em português pelo vocalista Rafa Moraes, só enriqueceu a alma dos poetas presentes no local. Deixando o público sob o efeito mágico "Led Zeppelin", a banda provou que na "casa vermelha" reside o mais puro e cru rock setentista. Mais um orgulho da música autoral de Taguatinga. As histórias de Brasília se transformam em lendas urbanas, as lendas viram poesias, e as poesias se tornam canções. Concretas como as obras de Nyemeier, a poesia da banda Barbarella trouxe pros ouvidos os encantos e desencantos da cidade sem cantos. O indie rock dançante e psicodélico gerou combustão de idéias pra quem estava afim de "aprontar" na noite. Quem ouviu as músicas, saiu voando na imaginação, sobre as ruas da cidade. Um show original; com a marca d’água do DF. Para finalizar o Sarau do 1 de maio, mais uma rodada de artistas agradecendo com poesias, a noite de rock e psicodelia. Noite fria e perfeita, onde a poesia cresceu regada de rock. Parabéns Cida Carvalho! Neste mar de talentos, o Sarau é preciso.
Por Bruno Brasmith

segunda-feira, 23 de junho de 2008

PENSE RÁPIDO COM FELLIPE CDC

No Pense Rápido! do Radar, Fellipe José Salles de Sant'anna, o Fellipe C.D.C, mostrou que além de ter um nome cheio de "nove horas" tem também jogo de cintura. Lenda viva do underground candango, Fellipe C.D.C (Death Slam e Terror Revolucionário), nem suou a camisa pra responder as perguntinhas do nosso Pense Rápido! Confira:
Radar: Qual o primeiro disco que você comprou com seu próprio suor?
Fellipe: Minha mãe tinha um bar, aí um dia ela vacilou e eu peguei uma graninha escondido e comprei o Back in Black do AC/DC. Foi uma grana muito suada!
Radar: Com quantos anos você decidiu não cortar o cabelo?
Fellipe: Desde pequenininho eu decidi que não queria mais ver tesoura.
Radar: Qual o seu programa preferido da TV aberta? Não vale os Simpsons.
Fellipe: C.Q.C, da TV Bandeirantes.
Radar: Por qual banda você rasparia o cabelo pra ver um show?
Fellipe:Nenhuma.
Radar: Qual disco você mais escuta atualmente?
Fellipe: Olha, tô voltando ás minhas origens e escutando muito AC/DC
Radar: Qual o disco que você tem, mas que ninguém imagina encontrar na sua prateleira?
Fellipe: Falcão, Hermeto Pascoal e uns do Roberto Carlos da época de Jovem Guarda.
Radar: Quais filmes você indica pra gente ver?
Fellipe: A Cidade de Deus, Estômago, O Cheiro do Ralo, Tropa de Elite, Carandirú, Germinal...puta que pariu!, tem um monte!
Radar: Você acredita em Deus?
Fellipe: Pelo lado religioso não, mas pelo lado espiritual sim. Acredito em Deus, mas não acredito em Igreja.
Radar: Na sua opinião, qual a melhor e a pior banda do pop-rock nacional dos anos 80?
Fellipe: A melhor é o IRA! e a pior é com certeza, os Engenheiros do Hawaii.
Radar: Pra você, qual a maior banda de todos os tempos?
Fellipe: Black Sabbath, sem dúvida.
Radar: O que te deixa mais puto?
Fellipe: A galera ir pro show e ficar do lado de fora bebendo e gastando o que poderia ser a grana do ingresso para apreciar o evento. Na verdade as pessoas gastam bem mais do lado de fora do que dentro.
Radar: Alguma vez você esqueceu seu guarda-chuva em casa e foi surpreendido por um "Pé d'água?
Fellipe: Sim! Várias vezes. Principalmente nessas épocas que não tem nem sinal de chuva, aí derrepente cai um temporal! Isso também me deixa muito puto!
Reportagem: Bruno Brasmith.

RUTHERFORD: A SAGA DO FOLK INDEPENDENTE NO DF!

Tocar em uma banda de rock parece tarefa fácil e prazerosa. A satisfação do artista é inegável, porém, as dificuldades são muitas; principalmente se um único artista for o mentor de toda a obra de uma banda independente. Estou falando de Elvis Rutherford, um guerreiro do folk candango que provou que a persistência vale a pena.
A banda, que antes se chamava JF Rutherford, teve uma consistente formação em 2005, quando fizeram várias apresentações que surpreenderam a cena local. Depois disso a banda se dispersou e passou por várias formações diferentes, até que o nosso guerreiro Elvis seguisse sozinho com sua inseparável espada, ou melhor, seu violão.
Elvis, sempre em busca da trupe perfeita, chegou a fazer apresentações sozinho, não deixando que o nome Rutherford fosse esquecido. Renato Rhugas, seu único companheiro remanescente, revezava sua participação entre a gaita e a percussão, dando a sustentação mais conveniente para Elvis e seu violão. Lembrando Elvis Costello, Elvis Rutherford chegou tocar em festivais punks e foi aplaudido como herói.
Com formação indefinida, o Rutherford gravou no início de 2006 a sua primeira demo co-produzida pela cooperativa de bandas autorais MÓDULO B. Um disco que mistura o folk e o pós-punk temperado com o lirismo gótico. O vocal grave sussurra poesias ácidas e conta histórias bíblicas para traduzir nossas atuais aventuras. Quem teve uma importantíssima participação neste disco foi outro companheiro de sua antiga banda formada em 1998: Ricardo, vulgo Dr. Voice, fez belos arranjos tocando guitarra, baixo, teclado, sintetizadores e programações. As músicas do disco foram executadas em algumas rádios de Brasília, despertando o interesse de várias classes do rock. E foi desse interesse que surgiram seus novos e fabulosos com patriarcas. Com Tomé no baixo e Moisés no teclado, Elvis e Renato encontraram os centuriões que faltavam para continuarem sua luta. Quem teve oportunidade de assistir ao show da volta triunfante do Rutherford no Blues Pub em Taguatinga, pôde conferir as canções do disco em novas e magníficas versões tocadas pelos atuais instrumentistas. E assim como Bob Dylan na década de 70, Elvis trocou o violão pela guitarra, mas não foi vaiado. Sua guitarra veio como nova armadura, deixando as canções mais fortes e convincentes. Quem viu o show, notou as fortes influências de The Doors, Travis, Radiohead e Legião Urbana. As músicas novas, são dignas de um novo começo para a banda, com refrões que ficam martelando idéias na cabeça do público. Tocar em uma banda autoral é assim: resistindo às batalhas e sempre vencendo a guerra. Pois por mais que os fariseus ou as bandas covers dominem o mundo, o Rock’n’Roll sempre prevalece.
Por Bruno Brasmith

CHUVA NO MEIO DO CAMINHO : UM CONTO ZEN-BUDISTA SOBRE E-MUSIC

CHUVA NO MEIO DO CAMINHO
(Um conto zen-budista sobre e-music)
Vastos e longínquos são os campos psíquicos onde pastamos como gado, esperando a hora do abatimento sem saber do que isso se trata, apenas procurando com o olfato a tempestade que se aproxima.
No meio desse absurdo, eu vejo saindo de lugar nenhum algo tão luminoso que vibra e se materializa como raios e relâmpagos. Barras de luz que são projetadas repetidas vezes percorrem rapidamente toda a vasta extensão. Elas cruzam linhas paralelas que ficam suspensas, divididas e fixadas no ar. Um firmamento preso em meio a nada. Então elas se colidem. Produzindo uma espécie de estalo, um atrito que cria uma poderosa massa sonora.
Esta por conseguinte explode, ecoando e dividindo o tamanho da linha no espaço, gerando assim uma repetição de suas partes que agora são pequenos estrondos reverberando o vazio, até se diluir completamente.Nos intervalos dessas explosões, procuro ainda algo em que posso me concentrar, um objeto, um ponto de visualização. Olho para baixo, para os lados, e só consigo ver energia estática. Como chuva seca que não pode ser tocada. Não demora muito, outras barras de luz surgem para explodir nas paralelas suspensas. Novamente o som, o tempo, o vazio e o cheiro úmido da tempestade que se aproxima...

Texto e fotos (coleção “Indústria vegetal” e ”Cats boulevard”:
Ricardo Lacerda
ex-guitarrista das bandas 9milímetros e Free Lemond e ex-tecladista do RUTHERFORD, atualmente com os projetos eletrônicos DR. VOICE e I LOVE MIAMI

10 anos de Festival Porão do Rock

por Gil Pedro

Nos dias 1º e 02 de junho de 2007 foi realizado em Brasília um dos maiores festivais de rock do Brasil, o Porão do Rock. Trazendo 26 atrações nacionais e internacionais; bandas de Brasília e outras vindas de Recife, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Portugal e até Estados Unidos.

Este ano em sua 10ª edição, diminuindo de três para dois dias por falta de patrocínio suficiente para realizar o evento como nos anos anteriores, ficando até melhor para o público, se tornando menos cansativo e mais barato, por começar geralmente às 18 horas e ir até depois das 4 da madrugada.

Esta edição teve mais bandas alternativas, não tendo muito espaço para aquelas de sucesso radiofônico como nas outras edições, as mais renomadas foram Sepultura (MG), Nação Zumbi (Pe), Inocentes (SP) e Garotos Podres (SP) – duas das bandas mais antigas de punk rock do Brasil -, Angra (SP), e Mudhoney (EUA), a que deu início e mais influenciou as bandas de Seattle nos anos 1990, mais conhecido como o "movimento grunge", sendo a única que não fez sucesso comercialmente, porém, respeitada pelas outras.

A banda que mais surpreendeu o público foi a americana The BellRays, com seu estilo soul/punk rock/blues, tendo à frente a maravilhosa cantora Lisa Kekaula, com seu black power lembrando a época da Motown.

Mesmo desconhecida do público brasileiro, fez algumas pessoas dançarem e outras ficarem boquiabertas com o profissionalismo e a técnica da banda. "Have a Little faith" tem tudo para ser considerada o primeiro sucesso no Brasil, já sendo executada na Rádio Cultura FM.

Outra banda que está dando o que falar no cenário nacional é a candanga Móveis Coloniais de Acajú, com seu ska/pop e sua trupe de 11 componentes no palco, dando um show de energia e carisma para o público presente. A pernambucana Nação Zumbi deu um show de rock e maracatu fazendo um som bem moderno, apesar de tocarem poucas músicas conhecidas, tocando mais canções do trabalho mais recente. Por ser um festival com pouco tempo de apresentação para cada atração, poderiam deixar para mostrar as músicas mais novas em um show só deles. Que o festival dure por muito mais tempo trazendo para nós de Brasília novidades vindo de toda parte do mundo, afinal, merecemos, por sermos de uma cidade carente de grandes shows.

Gil Pedro

fotos:

RICARDO LACERDA