Christa Päffgen, mais conhecida pelo seu nome artístico Nico, fez muito sucesso no final da década de 60 ao lado da banda Velvet Underground. Vinte anos depois, a cantora tenta desenvolver a sua carreira solo ao mesmo tempo em que precisa lidar com os fantasmas do passado: o vício em drogas, a relação problemática com o filho e a depressão que a acompanhou durante toda a vida.
Os dois últimos anos de vida da cantora e compositora alemã Nico, considerada uma das musas de Andy Warhol e que cantou com o grupo The Velvet Underground. Ao lado de seu filho Ari, passou um bom tempo de seus momentos finais tentando provar a paternidade de Alain Delon, que negava.
Nico conquistou fama como modelo, atuou em “A doce vida”, de Fellini, cantou no Velvet Underground, gravou bons discos solo, foi musa de Andy Warhol, amicíssima de Jim Morrison, namorou Lou Reed e teve um filho com Alain Delon. Uma biografia e tanto, mas o foco de “Nico, 1988” não é o glamour, mas, sim, o conturbado fim da vida da alemã Christa Päffgen, cujo apelido é um anagrama da palavra "icon" ("ícone").
Ao recriar ficcionalmente a última turnê europeia da cantora, a diretora italiana Susanna Nicchiarelli driblou a expectativa em relação ao óbvio e fez vários ótimos filmes em um só. “Nico, 1988” retrata, ao mesmo tempo, uma cantora viciada em heroína e depressiva que tenta se desvencilhar da fama (e da beleza) do passado; uma mãe desesperada para reatar os laços com o filho que foi criado pelos avós e também se tornou um viciado; a rotina exasperante de uma banda de rock em turnê; e o potencial criativo de uma artista que enriquece sua música com as marcas da angústia pessoal.
A atriz dinamarquesa Trine Dyrholm brilha sem tentar parecer uma cópia exata de Nico. Seu desafio é o de revelar como o sofrimento age sobre aquela mulher de personalidade forte, em um registro sem afetação nem excessos melodramáticos. A câmera se detém por vários momentos, em closes, sobre seu olhar frágil. E a mise-en-scène cuidadosa nos torna espectadores privilegiados de momentos musicais empolgantes, que fazem jus a um talento icônico.